segunda-feira, 18 de abril de 2016

VACINAS – REMÉDIO OU VENENO?


11.010 – VACINAS – REMÉDIO OU VENENO?
Publicado em 26 de janeiro de 2015 por carlosrossi

Tal dúvida pode parecer absurda, mas não é.Instituto Pasteur de SP. Instituição científica fundada na França no século 19, pioneira no combate à raiva, hoje dedica-se principalmente ao desenvolvimento de uma vacina contra o HIV

Grandes momentos da saga das vacinas, do pus da vaca ao DNA
1796 – Edward Jenner injeta a secreção das fístulas de uma vaca com varíola – ou seja, pus – em um menino. Semanas depois inocula a criança com varíola humana e ela não adoece. Daí o nome vacina, derivado da expressão latina materia vaccinia (“substância que vem da vaca”)

1885 – Louis Pasteur cria a vacina anti-rábica, após descobrir que a raiva ataca o sistema nervoso central de mamíferos e é transmitida pela saliva

1911 – Começa a imunização contra a febre tifóide, doença mortal causada por bactérias e caracterizada por febre alta, diarréia e alterações cutâneas

1921 – Surge a vacina BCG, contra a tuberculose. Estudo realizado na França, na década passada, sugere que, em crianças, ela é pouco eficaz na prevenção da tuberculose, mas funciona bem contra meningite tuberculosa

1925 – A difteria e o tétano ganham suas vacinas. Na época, a difteria matava anualmente milhares de crianças entre 1 e 4 anos de idade, devido à obstrução da laringe e da traquéia

1926 – Adotada nos Estados Unidos a vacina contra coqueluche, doença que provoca tosse convulsiva em crianças. Até hoje é o maior alvo da polêmica, por causa de seus fortes efeitos colaterais

1935 – A vacina contra febre amarela, doença típica de áreas silvestres, é introduzida nos Estados Unidos. Sete anos depois passa a ser usada no Brasil, então um dos grandes focos do mal

1955 – Inventada a vacina injetável contra a poliomielite, produzida com vírus inativos. Sua eficácia ficou aquém das expectativas dos cientistas

1960 – Após 30 anos de pesquisas, o polonês naturalizado americano Albert Sabin fabrica uma vacina com vírus vivos da pólio, a famosa gotinha que ajudou a erradicar a doença das Américas

1964 – A primeira geração de vacinas contra sarampo é produzida. De 1967 a 1970, o preventivo ajudou a erradicar o sarampo em Gâmbia, na África. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a doença voltou dois anos depois devido à suspensão da vacinação

1970 – Surge a vacina contra rubéola, mal que ataca principalmente crianças. Em mulheres grávidas pode provocar malformação do bebê

1981 – A vacina contra hepatite B é fabricada com a nova técnica de proteínas recombinantes – genes do vírus são mergulhados em culturas de células, que passam a produzir antígenos. Inoculados no organismo, eles estimulam a produção de anticorpos

1993 – Começam os testes, em ratos, das primeiras vacinas gênicas (ou de DNA), contra Influenza tipo B, malária e Aids. A meta é chegar à vacina polivalente, de dose única e ação permanente, com a transferência de genes de agentes patológicos para células do homem

1999 – Têm início os testes de vacinas de DNA em humanos. No Brasil, o experimento é feito com a vacina contra Haemophilus influenza (gripe)
Antídoto controverso
Empregada no país há quase 60 anos, a vacina contra a febre amarela assusta por seus fortes efeitos colaterais
O hábito de vacinar populações no Brasil começou com uma enorme confusão – a chamada “guerra da vacina”. Em 1904, assustados com o boato de que a injeção transmitia sífilis, milhares de cariocas montaram barricadas nas ruas do Rio de Janeiro para evitar a vacinação obrigatória contra a varíola. A casa do bacteriologista Oswaldo Cruz, que dirigia o programa sanitário, chegou a ser alvo de tiros e, temendo o agravamento dos protestos, o governo recuou. Desde então, nenhum outro fato grave tinha abalado as campanhas de imunização no país até dezembro de 1999. Naquele mês, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciou a morte da menina Andrielly Lacerda dos Santos, de 5 anos, em Goiânia, vítima de febre amarela causada pela própria vacina contra a doença.
Foi o primeiro caso no mundo, informou a Funasa. Não seria, contudo, o único transtorno recente envolvendo a vacina, obrigatória em áreas silvestres do Norte e do Centro-Oeste. Em janeiro do ano passado, Anizete Alves de Lima, de 28 anos, morreu em São Desidério, na Bahia, cinco dias após ser vacinada. Ela apresentava todos os sintomas da febre amarela. E, em 27 de fevereiro, outra jovem, Katy Cristina Ramos, de 22 anos, também faleceu em Campinas, no interior paulista, devido a insuficiência hepática e respiratória surgida no dia seguinte à vacinação. Oficialmente, só a morte da menina goiana foi associada à vacina, com base em laudo do Instituto Adolpho Lutz, de São Paulo.
Na região de Campinas, outro fato chamou a atenção do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo na mesma época: o aumento desproporcional de casos de meningite viral após a vacinação de dois milhões de pessoas contra a febre amarela. Foram contabilizados 403 casos em dois meses. Desde 1942, há registros estatísticos que sugerem a relação entre a vacina e surtos de meningite no Brasil.
Frase
“Vacinar é adoecer, só que brandamente, sob controle médico”
A vacina do futuro
Em testes desde 1993, as vacinas gênicas inoculam na célula humana parte dos códigos genéticos de vírus e bactérias
O pedaço do DNA do micróbio responsável pela produção da toxina causadora da doença é identificado e isolado
O conjunto de genes é transferido para um plasmídeo (molécula do DNA de uma bactéria) que vai funcionar como veículo de transporte
O plasmídeo é injetado em uma célula dentrítica da pele. Ao cair na corrente sangüínea, ela acabará se alojando em algum gânglio linfático ou nervoso
A célula enxertada passa então a produzir a toxina própria do micróbio e o sistema de defesa do indivíduo responde gerando anticorpos que protegerão o organismo da doença
Os antivacinistas afirmam que as vacinas começaram a ser usadas quando as principais doenças infecciosas já estavam em declínio, vencidas pelas defesas naturais do organismo. Ou seja: a erradicação das doenças seria resultado de fatores como a redução da pobreza, a melhoria da alimentação e das condições de higiene e de saneamento a partir da segunda metade do século XIX. Não seria conseqüência direta da vacinação. Nos Estados Unidos, afirma Harold, o índice de mortes provocadas pelo sarampo declinou 95% entre 1915 e 1958. A vacina contra a doença só foi criada em 1964. O mesmo se deu com a coqueluche na Inglaterra, cuja incidência diminuiu 82% de 1900 a 1935. Antes do início da imunização em massa naquele país, que só foi acontecer na década de 40.
A polêmica sobre as vacinas deriva de um conflito conceitual na área médica que marcou o século XIX e agora ressurge, impulsionado por novas descobertas e pelo avanço da medicina holística. São célebres os debates travados entre Louis Pasteur e Claude Bernard naquela época. Pasteur, pioneiro no estudo dos microorganismos, formulou a teoria segundo a qual cada doença possui uma causa única, um vírus ou bactéria que invade o organismo e ali produz um tipo específico de devastação. Para Bernard, a causa estava em elementos ambientais, externos e internos, e a doença não passava de uma perda de equilíbrio do organismo provocada por muitos fatores. Vem daí a noção do corpo como um “terreno” onde os microorganismos podem ou não agir de forma nociva, dependendo das condições que encontram ali. O que chamamos de doença seria mero sintoma de um mal subjacente e sistêmico, um sinal do esforço do próprio organismo para reequilibrar-se.
Pasteur ganhou a parada. Além de cientista notável, o químico francês era também um polemista habilidoso que soube aproveitar a eclosão de várias epidemias, na época, para demonstrar a lógica de seu conceito de causação específica. A partir daí, todo um modelo biomédico centrado na microbiologia e, mais recentemente, na biologia molecular, deu base aos procedimentos médicos modernos – inclusive às vacinações em massa. No livro O Ponto de Mutação, no qual discute, entre outros temas, o atual modelo médico, o físico americano Fritjof Capra afirma que, mais tarde, Pasteur reconheceu a importância do “terreno” para as enfermidades, tendo ressaltado a influência dos fatores ambientais e dos estados mentais na resistência às infecções. O químico, porém, segundo Capra, não teve tempo para empreender novas pesquisas e seus seguidores persistiram na trilha original.
Os holísticos e os antivacinistas respondem em uníssono quando a pergunta é o que fazer para evitar doenças sem vacinas: cuidar bem do “terreno”. Ou seja, manter as condições que garantiriam o bom funcionamento do sistema de defesa do organismo. Além de alimentação adequada, compõe a receita a exigência de praticar exercícios, dormir bem e evitar hábitos agressivos à saúde (álcool, fumo, drogas), a poluição ambiental e as situações estressantes. Não é fácil, mas vem crescendo o número de pessoas interessadas num caminho que evoca uma melhor qualidade de vida. A dúvida é se isso basta.
Quem vencerá o debate do século XXI – Pasteur ou Bernard? Numa época agraciada com recursos de tecnologia impensáveis há 120 anos pode-se imaginar que ficou mais fácil dirimir velhas incertezas. Ao que tudo indica, no entanto, isso não acontecerá logo. A complexidade e os muitos interesses que envolvem a questão prometem gerar mais perguntas e farpas antes que se chegue a algum consenso.

https://megaarquivo.com/2015/01/26/11-110-vacinas-remedio-ou-veneno/

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