sábado, 3 de maio de 2014

Alterações climáticas


Introdução

Características

Causas

Consequências

Interacções ambientais

Circulação atmosférica e oceânica

Conclusão/Cenários

Bibliografia








INTRODUÇÃO

“O ambiente, enquanto conjunto de sistemas físicos, químicos e biológicos interligados, constitui todo um conjunto de recursos indispensáveis à vida.”

(Tavares, L. V.)

De um ponto de vista global, importa referir o Sistema Terra. O mesmo é constituído por cinco sub-sistemas, entre eles, a Noosfera, Biosfera, Atmosfera, Hidrosfera e Litosfera.

A Noosfera é constituída pelos pensamentos e ideias, é a esfera do conhecimento, tornando-se um género de consciência colectiva.

A Biosfera é a parte do planeta ocupada pelos seres vivos, bem como os seus habitats, englobando assim toda a zona habitável do planeta. A Biosfera é constituída pelos restantes sub-sistemas acima mencionados.

Por Atmosfera deve-se compreender que é a camada gasosa que envolve o planeta Terra. É essencialmente constituída por Azoto (N2). É estruturada pelas seguintes camadas: Troposfera, Tropopausa, Estratosfera, Estratopausa, Mesosfera, Mesopausa e Termosfera.

A Hidrosfera é a esfera de todas as águas do planeta, as quais formam uma camada descontínua sobre a superfície da Terra, ou seja, é a camada do planeta que tem água. Neste sub-sistema estão incluídos todos os organismos vivos que habitam na água ou dependem dela e também todos os habitats aquáticos.

A Litosfera é a parte do planeta constituída por rochas e solo, correspondendo à crosta terrestre.



1. 1. Características das alterações climáticas

Fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes e mais intensos (ciclones, tufões, furacões, tempo seco); Verões mais secos e prolongados no nosso país, notícias de aumento da temperatura média da atmosfera do planeta, degelos no Árctico, no Antárctico e nos glaciares das montanhas. Aumento da temperatura dos oceanos. Desertificação. Seca. Incêndios florestais.

Este é o cenário evidente das alterações climáticas que conceito que já parece fazer parte do senso comum.

As alterações climáticas poder-se-iam resumir do seguinte modo:



Esfera

Sintoma

Causas


Atmosfera

Aumento da temperatura média da atmosfera

Acentuação do efeito de estufa Aumento da concentração de GEE.


Atmosfera

Fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes e mais intensos (ciclones, tufões, furacões, inundações, secas)

Modificações no sistema de distribuição do calor na atmosfera e nos oceanos.


Criosfera

Degelos no Árctico, Antárctico, glaciares.

Aquecimento global


Hidrosfera

Aumento da temperatura dos oceanos; diminuição das calotes polares e dos glaciares

Aquecimento global


Biosfera

Alterações no regime de migração das aves.

Aquecimento global


Litosfera

Desertificação. Seca; Incêndios florestais

Alteração do relevo e da composição da atmosfera

Aquecimento global



Vulcanismo




O problema das alterações climáticas confunde-se com o aquecimento global.

1.2. Causas Naturais

Há alterações climáticas naturais que se produzem ao longo de grandes períodos de tempo. São causados por:
Ciclos solares;
Variação da excentricidade da órbita terrestre em volta do Sol;
Variação da inclinação do eixo da Terra;
Precessão do eixo de rotação terrestre.
Vulcanismo
Queda de meteoritos

Não se conhece evidência de que estas alterações tenham significado em termos de alterações climáticas, à escala da duração da vida humana, quando comparadas com as causas antropogénicas.

Segundo a teoria de Milankovitch (1941), as variações da insolação induzidas pelos movimentos da Terra seriam responsáveis pelas grandes modificações passassadas do clima do planeta e nomeadamente pelasucessão dos ciclos glaciários e inter-glaciários do Quaternário.

Observou-se que por volta de 1645 e 1715 poucas manchas solares foram vistas na superfície do Sol. Este período é chamado de Mínimo de Maunder, em memória do astrónomo inglês que o estudou.

O Mínimo de Maunder coincidiu com uma fase de prolongado clima frio a que se costuma referir como "Pequena Idade do Gelo". A ligação entre os dois acontecimentos, contudo, é difícil de estabelecer.

Uma das mais importantes causas naturais é a do vulcanismo que, sendo responsável por grandes emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, bem como de poeiras, interfere com os padrões climáticos.



1.3. Causas Antropogénicas

O efeito de estufa é um fenómeno natural.

A terra emite para o espaço a mesma quantidade de energia que recebe de radiação solar, com vista à manutenção do seu equilíbrio térmico. No entanto, devido à actividade do homem, resulta um adicionamento de GEE, ampliando a concentração de energia, o que reduz a eficiência com que a terra se resfria.



Geografia, 7ºano, João Antunes

São considerados os Gases de Efeito de Estufa, GEE: Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), óxido de Azoto (NO2), o hexafluorcarbonetos de enxofre (SF6), acompanhados por Hidrofluorcarbonetos (HFCs) e Perfluorcarbonetos (PFCs). Dos GEE, assume particular importância o CO2, uma vez que o volume das suas emissões par a atmosfera representa algo em torno de 55% do total das emissões de GEE e o tempo da sua permanência na atmosfera é de pelo menos 100 anos.

O CO2 aumentou de volume de 280 partes por milhão antes da Revolução Industrial ( meados séc. XVIII ), para quase 360 partes por milhão nos dias de hoje. A velocidade e a intensidade observados nesse período são incompatíveis com os tempos necessários à adaptação natural dos ecossistemas.





Evolução do CO2

Fonte: Introdução ao Desenvolvimento Económico e Social, 12ºano, de SILVA, Elsa e outros

Os sectores responsáveis de GEE, são: da indústria, energia, transportes, residencial, agricultura e agro-pecuária (sendo as principais fontes de emissões: queima de combustíveis fósseis, queimadas e derrube de florestas, produção de cimento).



1.4. Consequências das alterações climáticas


Aquecimento Global / efeito de estufa da atmosfera, aumento do contraste térmico entre as regiões quentes e frias, alteração dos regimes térmicos, degelo, subida do nível médio das águas do mar, submersão de áreas fluviais-marítimas ocupadas por fortes densidades populacionais com funções urbanas e industriais;


Mudanças na circulação atmosférica (ex: aumento de frequência das situações de bloqueio do Anticiclone dos Açores) e oceânica: emergência de El Niños, alteração da regulação termohalina, diminuição da corrente Deriva do Atlântico Norte, alteração de localização dos centros de pressão atmosférica e dos ventos, mudanças nos regimes pluviométricos;


Alterações na Biosfera e Pedosfera: desequilíbrios nos ecossistemas, diminuição da biodiversidade, degradação dos solos, diminuição da resiliência de algumas espécies, extinção de espécies, surgimento de espécies adaptativas;


Aumento de catástrofes naturais: furacões, inundações, secas/desertificação, fogos;


Alterações no ciclo Hidrológico: alteração no suprimento de água doce mudanças nos ecossistemas naturais e na agricultura;


Discussão sobre políticas mundiais: emergência de instrumentos internacionais tais como: Reunião Ambiental/72, Cimeira do Rio/92, Protocolo de Quioto/97, programas (Programa Nacional de Alterações Climáticas, PNAC), legislação (Despachos ex: n.º 686-E/2005), na economia (Comércio Europeu de Licenças de Emissão, CELE);


Necessidade de diminuir os Gases com Efeito de Estufa, GEE, diminuição das fontes emissoras, como a queima de combustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo; portanto emergência de fontes de energia limpas;


Reflexão sobre a forma de organização da sociedade global numa visão globalizante do sistema Terra, onde cada subsistema (Noosfera, Atmosfera, Hidrosfera, Litosfera / Pedosfera, Biosfera) funciona como uma célula de um organismo vivo – GAIA.



1.4.1.Alguns aspectos das consequências das alterações climáticas

No aquecimento global é de considerar a evolução da temperatura média do globo, sendo a média actual à superfície de 15ºC. Se não existissem emissões de Gases de Efeito de Estufa, GEE, a temperatura seria mais baixa do que a actual 2ºC, o ritmo de maior aumento no passado registou-se a partir de 1850, com o valor a 0,6ºC; nos últimos 70 anos foi de 0,6º a 2ºC nomeadamente a partir da segunda metade do século XX. Os aumentos previstos para os próximos 100 anos são entre 1º a 3,5ºC, sem a implementação de políticas específicas de redução de GEE, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima, IPCC.

Portanto, qualquer mudança no balanço radioactivo da terra tenderá a alterar as temperaturas atmosféricas e oceânicas e os correspondentes padrões de distribuição de circulação e tempo, bem como o ciclo hidrológico (alterações na distribuição da evaporação, nebulosidade, condensação, precipitação, com mudança dos regimes térmicos e pluviométricos) portanto de climas.

Alteração da circulação das correntes marítimas – do Golfo / Deriva do Atlântico Norte – DAN e de Humboldt / El Niño - EN e da Atmosfera:

Aumento de furacões (baixas pressões tropicais muito intensas/ciclones tropicais, ex: Katrina, Stan e Vince). Sob o efeito do calor intenso, o ar dilata-se, torna-se mais leve e sobe, deixando atrás de si uma região de baixas pressões. A atmosfera circundante é aspirada, girando como um pião devido à rotação da Terra. É assim que nasce um ciclone tropical. Trata-se de um vento horizontal ao nível do mar, que se desloca rapidamente ao longo de um centro calma (o olho); o movimento vertical corresponde à aspiração do ar para cima. A diferença de temperatura entre a superfície do oceano que se evapora e arrefece e o ar quente situado por cima, cria condições favoráveis à formação de ciclones. Quando a humidade transportada pelos alíseos se transforma em chuva, este fenómeno liberta energia e o ar aquece ainda mais. A partir deste momento o ciclone cresce por si mesmo à medida que aumenta a temperatura entre as suas partes inferiores e superiores. O ar húmido sobe, formando espessas nuvens que se condensam originando chuvas arrasadoras, ventos cada vez mais fortes são aspirados para a depressão formada na coluna de ar ascendente. Ao longo do seu trajecto sobre o oceano, acumula energia e ganha velocidade… até então depois se dissipar no continente causando danos catastróficos.


Imagem de satélite de um ciclone tropical Anatomia de um Furacão


Aumento das secas, fenómenos à escala regional, são consequência de anomalias da circulação geral da atmosfera, as secas são uma parte do mesmo problema das mudanças globais. Exemplo, o caso de Portugal Continental: a situação geográfica de Portugal é favorável à ocorrência de seca, uma vez que se situa na faixa de separação entre os anticiclones sub-tropicais e as baixas pressões sub-polares, com oscilações latitudinais ao longo do ano (devido ao movimento de translação da terra). Esses centros de pressão deslocam-se com as respectivas massas de ar, criando uma faixa de separação entre elas, superfície frontal polar e suas respectivas perturbações (no verão sobem para Norte , no Inverno descem para Sul, em simultâneo deslocam-se segundo o fluxo de oeste.

A seca resulta de uma situação meteorológica de bloqueio do anticiclone-subtropical do Atlântico Norte se mantém numa posição que impede que as perturbações da frente polar atinjam a Península Ibérica.



Carta Sinóptica de 2 Out. 2005



No sentido de atenuar o ritmo do aquecimento global de origem antropogénica, o homem tem vindo a desencadear acções a nível

mundial, tais como:


1972 1ª reunião do Ambiente 1987 Protocolo de Montreal, redução dos clorofluorcarbonetos, CFC;
1992 Cimeira da Terra no Rio, negociada e assinada por 175 países mais a União Europeia ,a Convenção Quadro das Nações Unidas em Mudança Global do Clima, CQNUMC / (Conferência das partes, COP), tem o objectivo de reduzir as Emissões de Gases de Efeito de Estufa, GEE;
1997 Protocolo de Quioto, PQ (175 países), renegociação da Convenção para reforçar as medidas de redução de GEE, de 5% até 2008 a 2012;
1978 Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima, IPCC = Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA + Organização Mundial de Meteorologia, OMM;
2005 16 de Fev. entrada em vigor do Protocolo de Quioto, depois de ratificado, com assinatura da Rússia e sem assinatura dos EUA e Austrália. Os EUA reafirmam a orientação autoritária de não alinhamento do compromisso. Início da sua monitorização

Países signatários comprometem-se a desenvolver projectos para diminuir a taxa de emissão poluidora a níveis de 1990, ou seja de 5,2% abaixo dos níveis emitidos na época, no prazo de 2008 a 2012.

Assim o homem convencionou, através do PQ medidas para redução das emissões dos GEE, com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, MDL, instrumento comercial onde o poluidor paga. Para tal foi criado o comércio Europeu de Licenças de Emissões, CELE, ver Despacho nº686 – E/2005; com aprovação da lista das licenças de emissões (244 instalações industriais), por os Ministérios do Ambiente e de Economia.

A degradação ambiental passa a ter um valor de mercado, será que tal conduz a um avanço seguro na qualidade do ambiente?



O Protocolo pressupõe: uma execução conjunta, comércio de emissões e desenvolvimento limpo. Para tal prevê os Planos Nacionais de Acção: de redução de GEE e mecanismos de mercado com o princípio da flexibilização: comércio de emissões e transacção financeira de quotas de emissão convertidas em licenças e direitos. Os projectos de investimento em Países em Vias de Desenvolvimento, são financiados e dão direito a créditos ao país investidor, esses projectos são para reflorestação, novas centrais energéticas e investimento em tecnologias limpas.

Tendo em conta o ciclo do carbono, verifica-se que este sustenta a vida e que as áreas verdes, nomeadamente as florestas e os oceanos não são só reservatórios de carbono, mas também excelentes sumidouros de CO2, embora existam ainda muitas incertezas sobre o balanço dos seus mecanismos em relação ao carbono cabe ao homem a preservação do planeta Terra.



1.5. Interacções Ambientais das Mudanças

Segundo Tavares, L. V., o Homem é o principal utilizador do ambiente, e igualmente o que mais prejudica o mesmo, provocando assim graves consequências sobre ele próprio e sua qualidade de vida.

O problema ambiental que preocupa a nossa sociedade, resulta do crescente desequilíbrio entre os Recursos Ambientais (água, ar, solo e ecossistemas), Utilizadores (Homem) e Utilizações (directas ou indirectas), que entre si compõem o Sistema Ambiental. Isto é, enquanto que os Recursos Ambientais têm uma capacidade de renovação nula ou limitada, os Utilizadores têm vindo gradualmente a aumentar (seja em número e em exigências) e as Utilizações têm vindo cada vez mais a intensificar-se e a diversificar-se.

Podemos verificar que as mudanças ambientais têm sido factor de observação, sendo que, a título de exemplo, o Aquecimento global tem sido apontado como um dos principais factores para as mesmas.

As consequências do Aquecimento Global, podem afectar não só a actividade humana, mas também os ecossistemas.

Assim sendo, por forma a preservarmos o nosso ambiente é necessário “melhorar a prestação do estado neste domínio, fomentar uma sociedade mais consciente e preparada e criar condições para a consolidação do tecido empresarial do mercado do ambiente.” (Tavares, L. V.)






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2. Circulação Atmosférica e Oceânica


2.1. Circulação Atmosférica


A Atmosfera não é homogénea, estrutura-se por camadas segundo temperatura e composição do ar, fig.1, logo o comportamento dos elementos poluentes é diferente de camada para camada.



Fig.1 (Geografia, 7ºano, Énio Semedo e José Queiroz)

Junto à superfície, na troposfera o ar é mais agitado, devido às irregularidades da superfície ( relevo ), por isso a poluição tem um menor tempo de permanência, os processos de precipitação geralmente eliminam as partículas solúveis dentro de 1 a 3 semanas. Na estratosfera o ar é calmo, daí o maior tempo de alojamento dos GEE, alguns poderão permanecer 100 a duzentos anos. Por exemplo, a fumaça de poços de petróleo durante a guerra do golfo pérsico ficou confinada na troposfera e foi eliminada antes de atingir regiões mais distantes, enquanto grande quantidade de poeiras de erupções de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas, foi injectada na estratosfera e esta reduziu o nível de radiação solar em todo o planeta por 3 anos.

Como tal a emissão de gases, com os que já permanecem, geram um efeito cumulativo, que é preciso ter em conta nas previsões no aquecimento global.

Na troposfera a temperatura diminui conforme aumenta a altitude, 0,6ºC por cada 100m até aos 11000m, tropopausa com -50ºC, a estas altitudes o fluxo zonal de oeste, das latitudes intermédias não é homogéneo, comporta algumas correntes muito rápidas, designadas por “jet-streams”, que resultarão do forte contraste térmico do ar; na estratosfera a temperatura sobe gradualmente até aos 50ºC na estratopausa. É na estratosfera que se concentra a camada de ozono, filtro de raios ultravioletas, a emissão de clorofluorcarbonetos, chegam até esta camada destruindo-a, originando os ditos buracos de ozone, deixando passar excesso de radiação. A temperatura volta a descer na mesosfera até aos oitenta km, atingindo os 80ºC na mesosfera, volta a subir progressivamente na termosfera, ionosfera, exosfera (de dia 2500ºC, de noite -275ºC), gases já extremamente rarefeitos e magnetosfera até 1500km de altitude. Noventa e cinco por cento da massa atmosférica concentra-se nos primeiros 10km, compostos por 78% de azoto, 21% de oxigénio e 1% de outros componentes (vapor de água, dióxido de carbono, ozono, poeiras e outros gases raros. Com a altitude o ar vai-se rarefazendo, diminuindo o número de moléculas por unidade de volume; para lá dos 800km domina o hélio e o hidrogénio em partes iguais.

O sistema terra/atmosfera/oceano pode ser considerado como um enorme motor termodinâmico que usa energia do Sol como combustível, convertendo-a em diferentes formas, e devolvendo-a ao espaço sideral. A atmosfera funciona como o efeito de estufa, equilibrando a energia, portanto a temperatura à superfície da terra, evitando que esta aqueça demasiado durante o dia e arrefeça demasiado durante a noite.

As emissões de CO2 resultantes da actividade do homem tem vindo a aumentar ao longo da sua história, em particular depois da Revolução Industrial, que passa do volume de 280 partes por milhão para 360 nos dias de hoje. Ora o CO2 é um gás com poder de efeito de estufa, o ritmo do seu aumento coincide com o aumento da temperatura no planeta, o que nos leva a crer que o aquecimento global seja consequência da queima de combustíveis fósseis. Se não houvessem emissões de CO2 de origem humana a temperatura seria mais baixa 2º C do que os actuais 15º de média à superfície. Os maiores aumentos ocorreram nos últimos 70 anos, sendo o aumento de 0,6º a 2º C, prevendo-se um aumento de 1º a 3,5º C para os próximos 100 anos, segundo o Painel Intergorvernamental sobre Mudança do Clima, IPCC, salvo se ocorrer algum fenómeno e/ou intervenção atenuante.

A intensidade dos raios solares que atingem o "topo" da atmosfera é de 1380 Wm-2. Mais energia é disponível à zona equatorial do que às zonas mais próximas dos pólos, devido à maior perpendicularidade dos raios solares. Essa energia é redistribuída pelo movimento da atmosfera e dos oceanos.





Para entender o processo de redistribuição, é preciso ter em conta a forma esférica da terra e seus movimentos ( rotação e translação ) e o efeito da rotação da terra sobre o movimento do ar e dos oceanos. A rotação da terra cria uma força aparente no movimento de qualquer objecto ou fluido. Essa é a força de Coriolis. No hemisfério norte ela exerce uma força perpendicular e para o lado direito, deflectindo o movimento nessa direcção; no hemisfério sul o deslocamento é para a esquerda. Portanto, o ar que se desloca em direcção ao equador, origina ventos persistentes na superfície, de nordeste no hemisfério norte e de sudeste no hemisfério sul. Isso cria o que se chama de região subtropical de alta pressão ao redor de 30º a norte e sul do equador, isto mostra porque em alta altitude o ar não vai directamente para as regiões polares, mas é deflectido e desce novamente para a superfície.

Sendo assim, temos a seguinte circulação geral de superfície, figura3a)



Figura 3 a) (Geografia, 7º ano, João Antunes )



Na circulação da atmosfera o ar dispõe-se por faixa em latitude de altas e baixas pressões e desloca-se sempre das altas para as baixas, originando os ventos.

Esses centros de pressão deslocam-se com as respectivas massas de ar, criando uma faixa de separação entre elas, superfície frontal polar e suas respectivas perturbações (no verão sobem para Norte, no Inverno descem para Sul, em simultâneo deslocam-se segundo o fluxo de oeste.

Nos centros de Altas pressões ou Anticiclones o ar desce na vertical, aumentando de temperatura, aumentando a sua capacidade higrométrica, ausência de formação de nuvens e de chuvas; nos centros de baixas pressões, ou depressões barométricas ocorre o inverso, como se pode ilustrar na figura 4.



Fig. 4 ( Geografia, 10 e 11º anos, Madalena Cláudio e Paula Lobo)

Devido à força de Coriolis, causada por o movimento de rotação da terra, o ar sofre um desvio para a direita no Hemisfério Norte e um desvio para a esquerda no hemisfério Sul.

Os centros anticiclónicos estão associados ao bom tempo e as depressões ao mau tempo. O comportamento dos Estados do Tempo, ao longo de um intervalo de tempo de pelo menos 30 anos, caracteriza o clima. Os climas têm uma distribuição zonal na terra devido ao factor latitude (quentes, temperados e frios). Será que essa distribuição normal está a sofrer alterações?

A seca em Portugal, resulta de uma situação meteorológica de bloqueio do anticiclone subtropical do Atlântico Norte se mantém numa posição que impede que as perturbações da frente polar atinjam a Península Ibérica.



fig. 4a) Carta Sinóptica de2 de Out. 2005

O aumento das secas, fenómenos à escala regional, são consequência de anomalias da circulação geral da atmosfera, as secas são uma parte do mesmo problema das mudanças globais, agravadas com o problema da desertificação. Exemplo, o caso de Portugal Continental: a situação geográfica de Portugal é favorável à ocorrência de seca, uma vez que se situa na faixa de separação entre os anticiclones sub-tropicais e as baixas pressões sub-polares, com oscilações latitudinais ao longo do ano (devido ao movimento de translação da terra); por outro lado, abandono das terras no interior, ocupação inadequada dos solos, sobre-exploração dos mesmos, agravam as consequências negativas dos sistemas bioclimáticos.

Existem várias teorias para a explicação da circulação geral: as térmicas (Hadley), dinâmicas (Rossby) e as termodinâmicas (Defant e Rossby, fig. 4b) ), as mais aceites hoje em dia. De acordo com estas explicações, o ar frio polar tende a escoar-se em direcção às baixas latitudes. Do seu encontro com o ar quente tropical, originam-se vigorosos contrastes térmicos que, por sua vez, determinam grandes perturbações das frentes polares, com os seus vastos turbilhões (anticiclones e depressões móveis). Esta frontogénese desencadeia a corrente zonal de altitude de oeste, ou seja, os “jet-streams”, que tenderão a inflectir-se em direcção às regiões tropicais. No hemisfério norte, este desvio para a direita comprime o ar no flanco sul, onde cria as altas pressões subtropicais que, por seu lado, desencadeiam os alíseos.

“Nesta óptica, a circulação planetária terá como motor as perturbações frontais das regiões temperadas, que constituirão a fonte de energia para os movimentos atmosféricos.” Existe uma concepção dialéctica de relações recíprocas, de mútuo ajustamento entre fluxos e pressões.



Fig. 4 b) - esquema tricelular da circulação geral de Rossby, em relação ao hemisfério norte



Em altitude o fluxo zonal de oeste, das latitudes intermédias não é homogéneo, comporta algumas correntes muito rápidas, designadas por “jet-streams”, que resultarão do forte contraste térmico do ar; ver 4c) e d)





Fig.4 c) - posição média do “ jet stream” no hemisfério norte;

fig. 4d) http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/intraseasonal/z500_nh_anim.shtml



Em termos de impactos ambientais, é muito importante conhecer a circulação do ar como meio de disseminação da poluição, por exemplo: a região na margem sul do Tejo é mais poluída do que a margem norte, em muito contribuem os ventos de oeste dominantes (oeste-este) que arrastam a poluição de Lisboa e arredores para a região de Almada; para além dos ventos dominantes, outro factor, a topografia que contribui também para uma maior acumulação de poluição na margem sul, pois a sua topografia mais plana e menos exposta aos ventos dominantes cria uma situação de ar menos movimentado, por vezes com neblinas, não facilitando o escoamento em altitude da poluição atmosférica; ao contrário, em Lisboa devido à irregularidade na topografia (colinas e vales), o ar é mais agitado. Claro que a principal causa são as fontes emissoras de poluição locais e na região de Almada-Barreiro concentram-se indústrias poluentes.

A oscilação do Atlântico Norte (NAO) é um dos principais modelos de variabilidade da atmosfera do hemisfério Norte. Originada da interacção entre o oceano e a atmosfera, é particularmente importante no Inverno, quando este determina fortemente o clima no hemisfério Norte. É também nesta estação que ocorre a maior forte variação entre cada década. Para o Inverno, a diferença entre a pressão normalizada ao nível do mar sobre Gibraltar, e a pressão normalizada, ao nível do mar, sobre o Sueste da Islândia constitui um índice útil sobre a força da Oscilação do Atlântico Norte. Esta oscilação está ligada à zona de altas pressões dos Açores que ora é reforçada (índice NAO positivo), ora diminuída (index NAO negativo) em relação à média, figura 5. Um reforço das altas pressões (índice positivo) deflecte o fluxo atmosférico de Oeste em direcção ao Norte da Europa, dando invernos húmidos no norte da Europa e secas no sul.



Fig.5http://www.clivar.org/publications/other_pubs/clivar_transp/jpg_files/av_d1_0001.jpg

Para além da circulação geral, existe a circulação regional e local, resultante de factores como: relevo (altitude e disposição), continentalidade e/ou proximidade do mar, revestimento do solo (ex: nas cidades) e correntes marítimas; com os respectivos ventos.

Portanto, quando ocorre um fenómeno de poluição ao estudá-lo deve-se ter em conta a circulação geral e local, para perceber a sua difusão. Exemplo figura 6.





fig.6 ( in Diário de Notícias 13 de Dezembro de 2005 )



Num artigo do Diário de Notícias, de Ângela Marques, de 13 de Dezembro de 2005, “o fumo que cobre o sul de Inglaterra, proveniente das explosões no depósito de combustível de Hempstead, a norte de Londres, representam um potencial atentado para a saúde pública.”…. “O motivo de maior preocupação da Agência Europeia do Ambiente – EEA, é a possibilidade de poluição de as águas subterrâneas e de superfície e de destruição da qualidade da terra…. Isto pode acontecer se algumas substâncias como o querosenese ou a gasolina escaparem do local da explosão “.

O impacto interactivo do fenómeno referido, é bem visível nas multiplicas sequelas: ar, água, solo, saúde; e estendido a outras regiões/países, como França, pois um fenómeno ambiental não se limita às fronteiras políticas e a sua difusão depende da circulação atmosférica. Pois só uma actuação baseada em normas/direito internacional, pode atenuar e prevenir este e outros tipos de acidentes.



Dever-se-ia aplicar o Princípio de Precaução de Robert Constança (A Economia Ecológica e a Governação Sustentável dos Oceanos, também referido na nossa Lei de Bases do Ambiente), à atmosfera em relação à instalação destes complexos industriais e a outros que possam causar danos.



A atmosfera funciona não só como equilíbrio térmico, mas também como filtro a parte das radiações solares e como protectora em relação a corpos celestes, como os meteoritos. A atmosfera é um veículo/agente de transporte de vapor de água dos oceanos para os continentes onde pode condensar-se e precipitar-se.



Com a tecnologia espacial, dos nossos dias, os cientistas climatologistas, podem avaliar os impactos dos aerossóis e das nuvens sobre o clima e todos os aspectos da terra e atmosfera, através do sistema de satélites.





Fig.7 in Science&Vie, nº233, pag.41



Através do satélite OCO, representado na figura 7, com lançamento previsto para 2008, vai-se medir com maior rigor os níveis de CO2 na atmosfera e saber a sua contribuição concreta no efeito de estufa.





Fig.8 http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI811569-EI301,00.html



“Lançamento
O satélite Giove-A, primeira etapa do sistema europeu de localização e navegação por satélite denominado Galileu, e o módulo propulsor russo Fregat se separaram com sucesso da terceira etapa do foguete Soyuz, informou a agência espacial russa Roscosmos.”

“Graças ao Galileu, a Europa espera ganhar sua independência no campo estratégico, a orientação por satélite que se tornou indispensável para a gestão do tráfego aéreo, marítimo e, cada vez mais, a circulação de automóveis.”

“Dirigido em conjunto pela União Europeia e a ESA, na fase inicial, Galileu será o primeiro sistema de navegação por satélite sob administração civil. Os sistemas existentes, o americano GPS e o russo Glonass, do qual será complementar, continuam sob controle militar.”

“Em 2008 a ESA deve ter instalado os quatro primeiros satélites operacionais do Galileu, o número mínimo para que o sistema possa entrar em funcionamento. Naquele ano poderá começar a comercializar seus serviços na Europa, à espera de que o envio dos 26 satélites restantes permita cobrir a totalidade da Terra, incluindo as zonas de sombra que o GPS tem actualmente.”

A circulação aérea e aeroespacial também tem impacto na atmosfera, gera poluição e provavelmente contribui para os buracos de ozone na estratosfera; ora as indústrias aeroespaciais deveriam nos seus impactos ambientais internalizar os custos dos danos ambientais das suas externalidades.



2.2. Circulação Oceânica


"O mar une as nações, não as separa. Cria um mundo de vizinhos”
(Klaus Töpfer, Director Executivo do PNUA).



Dois terços da superfície terrestre são ocupados por os oceanos, que contêm 97% da água do planeta, para além da sua imensurável riqueza biológica, mineralógica, são termorreguladores climáticos e nem sempre se lhe atribui a importância devida, embora já algumas questões sejam consideradas na Convenção do Direito do Mar, entrada em vigor em 1994, ( em O Oceano Nosso Futuro, Relatório da Comissão Mundial Independente para os Oceanos, Expo 98, Fundação Mário Soares).

O nível da água do mar tem ao logo do dia, maré alta (face da terra virada à lua) e maré baixa, e ao longo do ano maré viva (alinhamento/conjunção: sol, lua, terra) e maré morta (alinhamento/oposição: sol, terra, lua), devido a razões astronómicas, especialmente devido a atracção da lua, astro mais próximo da terra e à posição relativa em relação à lua, esta atracção também se faz sentir na atmosfera e na crosta, embora seja mais visível no oceano.

O nível do mar também tem oscilado ao longo da geohistória, alternância de períodos glaciários e interglaciários, nem todos com a mesma duração, a última glaciação ocorreu há 11000 anos. Actualmente estamos num período interglaciário, ( período glaciar e interglaciar com duração de 100000 anos, sendo os períodos frios de 90000 anos e 10000 anos para os quentes ?).

Independentemente das causas naturais das variações do nível do mar, estamos num processo de aquecimento de causas antropogénicas, o que origina degelo e portanto subida do nível do mar.





Fig. 9 a) - Gelos da Antárctica



“A Antárctida está coberta por lençóis de gelo que contêm cerca de 95% da água doce do planeta. As temperaturas frias impedem uma fusão significativa da superfície, mas trabalhos recentes revelaram que a fusão ao nível inferior, por debaixo dos glaciares, na junção entre a terra e o mar, é rápida e está a alastrar por toda a Antárctida, possivelmente devido ao aumento da temperatura dos oceanos.”

http://www.revista-temas.com/contacto/NewFiles/Contacto15.html

“Vários estudos têm demonstrado a diminuição de espessura e redução de superfície dos glaciares de uma forma em geral; o albedo dos gelos é maior do que o albedo do oceano, portanto, com a diminuição de superfície dos gelos haverá maior quantidade de radiação solar a entrar nos oceanos, maior aumento de temperatura , maior derretimento de gelos; por outro lado, a água em estado sólido ocupa maior volume do que estado líquido, o que torna ainda mais difícil calcular com rigor a subida de nível das águas do mar por derretimento dos gelos.”



Fig.9 b)Icebergues no Nordeste da Gronelândia, que alertam para a aceleração do degelo no Árctico. (Foto: WWF-Canon / Michele Depraz).

No sumário executivo e conclusões do projecto SIAM, diz-se:” … a costa continental portuguesa deverá sofrer um movimento vertical da ordem de 5cm. Combinando os dois valores, poderá esperar-se um aumento do nível do mar de 25 a 110 cm até à década de 2080.” Sendo assim, devem ser desencadeadas medidas, numa gestão dos ecossistemas e do realinhamento da linha da costa, com planeamento contendo as adaptações das actividades humanas à situação, de forma a reduzir os impactos.

Pois, com a subida do nível do mar aumenta a cunha salina e parte dos solos ocupados nas áreas fluviais-marítimas de baixa altitude, onde se desenvolve grande parte das actividades urbanas, industriais, vão ficar submersos, o que terá um grande impacto no povoamento ( 60 a 75% da população vive no litoral, onde se concentram grandes regiões urbanas). Isto tem como consequência uma redefinição da geografia e adaptações colectivas, com redefinição das dinâmicas espaciais.

As correntes marítimas são determinadas pelos ventos dominantes, circulam à superfície, ver figura 9 c), originando turbilhões da largura dos oceanos e nas profundidades correm como rios de água mais fria. Têm movimentos circulares, causados pela força de Coriolis, como o são os ventos, devido ao movimento de rotação da Terra. As correntes movem-se na horizontal, à superfície, mas também na vertical, devido à diferença de densidade causada por temperatura e salinidade. As correntes funcionam como um factor climático, regulador térmico do globo, influenciando a temperatura do ar e a humidade/precipitação.



fig.9 c) (Grande Atlas do Mundo, Público, Paneta Agostini)



A corrente do Golfo –corrente quente no Oceano Atlântico, com origem no Golfo do México, estende-se até à Europa - Deriva do Atlântica Norte –DAN, (fig.10)

· Nos Pólos as águas são mais frias e menos salgadas;

· No Equador as águas são mais quentes e mais salgadas.

· Quando a corrente da DAN chega ao mar da Noruega resfria

· A corrente fica mais densa, do que as águas circundantes e submerge indo completar o circuito no equador

· Se o derretimento dos gelos aumentasse, a DAN contrair-se-ia, e modificaria a sua função moderadora do clima do noroeste da Europa, que arrefeceria.
No resto do globo continuaria a aumentar a temperatura
Que clima global?



fig.10, http://www.clivar.org/http://www.clivar.org/publications/other_pubs/iplan/iip/images/d3_fig1.gif



A corrente fria de Humboldt ou Peru e o fenómeno de ElNiño e La Niña (fig.11 a), b) e c) )

– Quando os ventos alíseos sopram com menos força em todo o centro Pacífico, Oscilação Sul-El Niño OSEN, resulta uma diminuição da ressurgência de águas frias, profundas e há acumulação de água mais quente na costa oeste da América do Sul – El Niño (diminuição de peixe ), provocando:

- chuvas excepcionais na costa oeste da América do Sul e

- secas na Indonésia e na Austrália.

- Durante o EN o Inverno é mais quente do que a média nos estados centrais dos EUA

- os verões excepcionalmente quentes na Europa e as secas em África.

La Niña é o fenómeno inverso, água muito fria.





fig.11 a): 9 – Contracorrente Equatorial; 16 – corrente de Humboldt ou do Perú

(O Novo Atlas do Mundo, Selecções do Reader´s Digest)



A Contracorrente Equatorial: os ventos alíseos provocam uma acumulação de água no lado ocidental dos oceanos; a contracorrente Equatorial, que circula para leste, restabelece o equilíbrio.





Fig. 11 b) fig.11c) http://www.pmel.noaa.gov/tao/elnino/nino-home.html,

As correntes oceânicas são reguladoras da redistribuição da temperatura, formando correntes à superfície, transportando calor das regiões equatoriais para as polares; e em profundidade transportando frio dos pólos para o equador; esse processo resulta do afundamento de massas de água no mar da Noruega, (Circulação Termoalina), representada na fig.12; pois para além das correntes horizontaias de superfície e de profundidade, existem as correntes verticais, ascendentes e descendentes (mais lenta), tal como na atmosfera e litosfera/astenosfera.

Os oceanos armazenam calor durante o dia e no verão e libertam-no de noite e no Inverno, funcionando como moderadores climáticos junto ao litoral, o seu “calor específico” é diferente dos continentes, estes aquecem e arrefecem mais rapidamente, originando diferenças de pressão entre interior dos continentes e oceanos e portanto, diferentes estados do tempo e diferentes climas, ainda que à mesma latitude, exemplo na Europa com os climas temperado marítimo e temperado continental, ver mapa dos climas, fig. 16.

A circulação profunda tem um papel fundamental na estabilização da temperatura global dos oceanos e, portanto, também no clima da terra..

Para aumentar em 1ºC a temperatura de uma massa de água a uma dada quantidade de calor, demora um período de 3000 vezes maior do que o necessário para aquecer 1ºC o mesmo volume de ar ao nível do mar. No entanto, nos primeiros 3m de água de todos os oceanos, encontra-se armazenado tanto calor quanto o que existe em toda a atmosfera ( Geografia Universal, Grande Atlas do Século XXI, vol. 16 – Atlas da Terra.



Fig.12http://www.clivar.org/publications/other_pubs/clivar_transp/jpg_files/av_d3_992.jpg





Os satélites oceanográficos, Porpex-Poseidon (1992, EUA E França) e os Ers (Agência Espacial Europeia), encontram-se em condições de medir com extrema precisão a radiação térmica emitida pelo mar e de seguir instrumentos de pesquisa colocados nas correntes, os mais recentes estudos sobre o movimento perene das águas marinhas foram feitos com simulações de computador e com satélites oceanográficos.



Existem quatro níveis de correntes em profundidade e todas elas são dinâmicas, embora com diferentes velocidades. Por exemplo: a Deriva do Atlântico Norte demora de 300 a 500 anos a fazer um circuito completo entre a superfície e a profundidade.



O oceano recebe e produz CO2, mas tendo em conta o balanço, com domínio na recepção, dizemos que o oceano é um “sumidouro de carbono”. No fundo do oceano existe o metano, CH4 (congelado em hidratos de metil), esses hidratos no leito do oceano contém duas vezes os recursos do carbono orgânico de todo o petróleo, gás e carvão existentes na terra. Se o oceano aquecesse muito, esse carbono libertar-se-ia.

Ainda se conhece muito mal os mecanismos do oceano.

O Sistema Global de Observação dos Oceanos, GOOS, vai ser um contributo de conhecimento para uma gestão e governação melhorada dos oceanos.


Circulação Hidrotermal

“Cerca de 35 km3 de nova crosta oceânica é formada por ano nos centros de expansão. Este processo envolve a geração e resfriamento da litosfera oceânica e contribui com 75% da perda anual de calor do interior da Terra (Pollack et al., 1993). Um quarto da perda total de calor (1.1 x 1013 W) resulta da circulação hidrotermal (hydrothermal circulation) na crosta oceânica (Stein e Stein, 1994). Esta circulação hidrotermal proporciona trocas químicas entre a água do mar e as rochas oceânicas, agindo como importante regulador da química dos oceanos e do conteúdo de voláteis do interior da Terra. Além disso, é responsável pela formação de depósitos minerais e por viabilizar a vida em ambientes de condições físico-quimícas extremas.” http://www.scielo.br/scielo.



Fig.13 - http://web.uvic.ca/sciweb/pics/hidrotermalventshtml


3. Interacção entre a circulação atmosférica e oceânica

Com o aumento da temperatura global, não só aquece o continente, como também o oceano, por sua vez, o ar em contacto com o oceano aquece mais, alterando a circulação atmosférica, provocando o aumento e intensidade dos furacões (ex: época do Katrina), fenómenos atmosféricos de dissipação de energia acumulada no oceano.



Fig.14 Furacão Katrina, em 26 de Agosto, 2005

Se as correntes marítimas seguem os ventos dominantes, por sua vez, o ar em contacto com as correntes marítimas aquece ou arrefece consoante o tipo de corrente. Na costa leste dos continentes dominam as correntes quentes, na oeste dos continentes as frias, assim as correntes são um factor climático, interferindo na temperatura do ar e na precipitação; dois lugares à mesma latitude podem ter diferenças climáticas provocadas pelas correntes (ver mapa dos climas, fig.16 ).



Fig. 15 - http://www.clivar.org/science/atlantic.htm

Para além da temperatura das águas oceânicas, há a considerar a salinidade que interfere na sua densidade, e os movimentos de convergência e divergência, por exemplo:

O Atlântico tem uma salinidade de 32,5% com uma temperatura de 32ºC

O Árctico tem uma salinidade inferior a 30% com uma temperatura de 0ºC

O Atlântico e o Árctico convergem, originando subsidência das águas, com duas correntes profundas, a mais fria a maior profundidade – função termoalina; se ocorrer um degelo com o aquecimento global, esta função é perturbada.

As correntes não se manifestam apenas pela transferência de calor dentro dos oceanos, também influenciam as temperaturas nos continentes, em especial junto à costa e as precipitações; pois nas correntes quentes é grande a evaporação, donde resulta uma forte humidade atmosférica, provocando precipitações abundantes nas faixas costeiras (dominantes a leste dos continentes, ver mapa, fig. 16 ); sobre as frias a evaporação é fraca, pelo que a atmosfera é mais seca, como o ar seco aquece e arrefece mais depressa que o ar húmido, as regiões costeiras, das correntes frias têm amplitudes térmicas anuais mais elevadas (verões quentes e Invernos frios).



Fig16 a ) - Distribuição dos principais tipos de climas no mundo

( Geografia, 10º ano, I volume, área A, João Antunes

Por outro lado, as massas de ar que têm uma trajectória oceânica são mais húmidas do que as de trajectória continental, logo originam maiores precipitações.

A circulação geral, atmosfera/oceano, dita as zonas climáticas: zona tórrida ou intertropical (entre os trópicos), zonas temperadas Norte e Sul (entre os trópicos e os círculos polares) e zonas frias norte e sul (entre os círculos e os pólos), com os seus respectivos climas , existem climas não zonais, provocados por factores locais como o relevo, exemplo clima frio de montanha (Himalaias, Montanhas Rochosas, Andes, Alpes, Atlas e Quilimanjaro), ver fig.16a; por sua vez estas zonas determinam os biomas , ver fig. 16b e c..





Fig. 16 b)

a) Distribuição típica de biomas em um continente virtual. b) Zonas de ventos e precipitação pluvial em um hemisfério. 13. Alta pressão polar e ar descendente com algo de neve; 14. Ventos polares do leste; 15. Zona de frente polar e tormentos ciclónicos passando de leste a oeste, com chuva pesada e neve; 16. Ventos do oeste; 17. Alta pressão subtropical e ar descendente com algo de chuva; 18. ventos ascendentes do leste; 19. Zona de convergência intertropical, chuvas do cinturão equatorial.





Fig. 16 c)



Relação de biomas com avaliação à temperatura e precipitação. Fonte: "Ecoscience: Population, Resources, Enviroment.", Paul R. Ehrlich, and John P. Holden, W. H. Freeman, New York, 1977.

As zonas de latitude intermédia, zonas temperadas, são as mais atractivas para o homem, devido a ambientes bioclimáticos mais favoráveis, à sua fixação, quer por o grau de conforto, quer para desenvolvimento das suas actividades; em particular a zona temperada do norte, devido à maior quantidade de terras emersas. Contudo, são estas zonas intermédias, de transição na circulação global, as mais mitigadas, compactadas, no que se refere aos efeitos das alterações climáticas.



Ainda, a capacidade de resposta a qualquer acidente ecológico no mar depende das condições oceano-atmosfera, por exemplo: o navio encalhado ao largo da costa do Faial, Açores( Portugal), em Dezembro 2005, com contentores de material poluente, só poderá ser desmantelado quando a acalmia do mar for mais propícia a tais trabalhos de forma a atenuar o derrame de combustível.





Fig.17 a) Porta-contentores encalhado na costa do Faial

“O porta-contentores «CP Valour» mantém-se encalhado na costa norte da ilha do Faial, apesar das várias tentativas do rebocador "Fotiy Krylov", um dos mais potentes do mundo, para retirar o navio.”

«A mancha detectada é proveniente de um dos tanques principais de depósito de combustível do navio, cujo derrame foi ocasionado por um rombo», explica Braz de Oliveira, acrescentando que «a mancha de combustível, que tem entre 50 e 100 m2, está de momento confinada à zona da baía».

No entanto, «condições do mar mais adversas podem provocar outros rombos nos restantes depósitos de combustíveis», admite. «Para reduzir o peso do porta-contentores, o que facilitaria o resgate, e evitar mais derrames e poluição», “as autoridades portuárias em colaboração com o Serviço Nacional de Combate à Poluição estão já a planear a remoção de combustível e dos contentores. “

“No entanto, se não for possível desencalhar o navio durante o dia de quarta-feira, «no dia seguinte estão previstas marés vivas para a zona, o que vai proporcionar uma maré mais alta do que o habitual e pode constituir uma boa hipótese para efectuar o resgate», avança o comandante. “

“A organização ambientalista defendeu, por isso, uma maior operacionalidade do Plano Mar Limpo (combate à poluição das águas marinhas), através do reforço de meios nas regiões autónomas e nos restantes departamentos marítimos, à excepção do da região de Lisboa.”

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=622076&div_id=291

“80% da poluição dos mares e oceanos é um resultado de actividades terrestres.

Nos oceanos e mares do planeta, há quase 150 “zonas mortas”, pobres em oxigénio devido a um excesso de nutrientes, provenientes sobretudo do azoto dos fertilizantes agrícolas, das emissões produzidas por veículos e fábricas e dos resíduos. Um baixo nível de oxigénio prejudica a vida dos animais marinhos e alguns habitats importantes, como os leitos de sargaços. É uma importante ameaça para as unidades populacionais de peixes e, por conseguinte, para as populações que dependem deste recurso.

Desta forma, o Plano Global de Acção, integra a salvaguarda dos ecossistemas marinhos face à poluição gerada em terra.”

http://www.runic-europe.org/portuguese/seasoceans.html

“O oceano é menos conhecido do que alguns planetas distantes e contém muitos recursos, em parte ainda por utilizar. Mas esses recursos potenciais são limitados, tanto pela sua capacidade como pela sua possibilidade de absorver os efeitos do desenvolvimento e da poluição. São já visíveis os sinais de stress, especialmente nas zonas costeiras baixas e nas ilhas pequenas. Entre os sintomas de doenças figuram os seguintes: poluição, esgotamento das unidades populacionais de peixes, desaparecimento das costas, subida do nível do mar, um aumento das temperaturas de superfície que ameaça as correntes oceânicas profundas, tempestades mais frequentes, fusão das calotas glaciais...”

”• A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, que foi assinada em 1982 e entrou em vigor em 1994, constitui o quadro jurídico para os oceanos, integrando as regras para as extracções em águas profundas e as zonas económicas exclusivas, que se estenderão por 200 milhas náuticas à volta dos estados-nação.”

“A Directiva-Quadro sobre a Água da União Europeia visa reduzir a poluição do ambiente marinho, devido a actividades terrestres, e melhorar a qualidade da água dos lagos e dos rios. Para o efeito, a União Europeia elaborou uma série de Planos de acção para a gestão das bacias hidrográficas; cada um deles tem um objectivo ambiental preciso, que consiste em melhorar as características químicas e biológicas das águas dos mares, bacias fluviais e lagos.”

”O sexto Programa de Acção no domíno do Ambiente (2002-2012) estipula que a União Europeia deve ter uma visão global da protecção e conservação do ambiente marinho. O seu objectivo último é promover a utilização sustentável dos mares e a conservação dos ecossistemas marinhos. Foi dado o primeiro passo com a publicação da comunicação da Comissão “Em direcção a uma estratégia para a protecção e conservação do ambiente marinho”. A União Europeia assumiu claramente o compromisso político de aplicar essa estratégia até 2005. Dada a diversidade das condições económicas e dos factores sociais das águas europeias, a estratégia deve ser acompanhada de uma abordagem regional sólida, que terá de ser progressivamente integrada em todos os sectores.”

http://www.runic-europe.org/portuguese/seasoceans.html

“Alterações climáticas: A maior parte dos cientistas reconhece que o aquecimento do planeta devido ao efeito de estufa conduzirá a uma elevação das temperaturas regionais e a uma subida do nível do mar, subida essa que pode ser da ordem dos 15 a 95cm até 2010, em consequência da conjugação da evaporação da água dos oceanos com o afluxo crescente de água doce resultante da fusão dos glaciares e capas de gelo. Por sua vez, isto modificará os fluxos de águas superficiais e profundas, a incidência de cheias e o movimento de massas de água marinha como as ondas, as marés e as correntes.”

http://www.runic-europe.org/portuguese/seasoceans.html

O equilíbrio do ciclo hidrológico fig.17b), depende da dinâmica atmosfera-oceano-continente, logo qualquer perturbação num dos sistemas tem consequências nos outros e afecta a quantidade e qualidade de água disponível para os seres vivos e para o homem.



Fig. 17 b)

A circulação atmosférica é o veículo, agente de transporte de água em estado de vapor, dos oceanos para os continentes; estes são o veículo de escoamento/transporte de água e sedimentos. As regiões quentes, de maior evaporação, são as que registam maior grau de salinidade, (fig. 18a )

A interacção entre os oceanos (Ver figura 18 a e b), exemplo do Atlântico e Pacífico, que se relacionam estreitamente com a atmosfera, não se compagina com os estudos isolados dos fenómenos, pois as transferências de energia (salinidade, calor, frio, humidade, precipitação), não têm fronteiras estanques e influenciam a vida dos seres vivos.








Fig. 18 a) http://www.clivar.org/publications/other_pubs/clivar_transp/jpg_files/av_d3_0101.jpg











fig.18b)- El Niño

A partir da conjugação conhecimento do comportamento atmosférico e oceânico, poder-se-à perceber melhor as alterações climáticas e alongar as previsões do tempo e fazer cenários de futuro mais rigorosos.

Contudo, ainda há muitas incertezas em relação às futuras alterações climáticas. Por exemplo, a função de sumidouro de CO2 dos oceanos e os seus contributos no balanço radioactivo da terra, bem como a função do vulcanismo nesse balanço e ainda as consequências de fenómenos astronómicos, como ventos solares, alterações na órbita terrestre, oscilação no eixo polar terrestre, queda de meteoritos.



A figura 19, mostra uma previsão do índice da NAO com valor negativo, mas baixo, para o Inverno de 2005/2006, fluxo de oeste mais a sul da Europa, portanto maior humidade/precipitação, nessa região.





fig.19 http://www.meto.gov.uk/research/seasonal/regional/nao/index.html







fig.20 - http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/pna/nao_index_mrf.shtmlfi



“A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como Convenção do Clima, foi um dos documentos básicos da Rio 92. Assumido por toda a Comunidade Europeia e por mais 154 países, incluindo o Brasil, tem o objectivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em níveis que não interfiram perigosamente no sistema climático. Estes níveis deverão ser alcançados em tempo suficiente para permitir que os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças do clima, que a produção de alimentos não seja prejudicada e garantir que haja desenvolvimento económico sustentável.”

Se se prevê, a deslocação dos ecossistemas para norte, no hemisfério norte, devido ao aquecimento global, deveria de haver mecanismos legislativos flexíveis, em consonância com tal dinâmica e que permitissem a adaptação dos sistemas, no planeamento e ordenamento do território.

“Nesse sentido, os relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) – que é formado por um grupo de cientistas de diversos países e áreas do conhecimento, com o objectivo de respaldar técnica e cientificamente as negociações em torno do tema das mudanças climáticas – são importantes, já que demonstram toda a ciência do clima e quais as metodologias e soluções possíveis para a redução de emissões de gases de efeito estufa.”

“O IPCC divide-se em três grupos: O primeiro grupo estuda os aspectos científicos do sistema climático e da mudança climática. O segundo avalia a vulnerabilidade da humanidade e dos sistemas naturais às mudanças climáticas, avalia suas consequências positivas e negativas e também as opções para a adaptação necessária às mudanças. O último grupo analisa as possibilidades de limitação de emissão de GEE, de mitigação da mudança climática e as consequências destas medidas do ponto de vista sócio-econômico.”

http://www.centroclima.org.br/proj_ipcc.htm

“O Centro de Distribuição de Dados (DDC) do IPCC está considerando sua próxima fase do trabalho e um dos aspectos que estarão actualizando é o resultado do Modelo de Circulação Geral da Atmofera-Oceano (AOGCM) que estão disponíveis neste momento no DDC. Dado que o IPCC desenvolveu uma nova série de cenários de emissão (SRES, Nakicenovc et al., 2000). Os novos experimentos do AOGCM serão baseadas nestes novos cenários.”http://ipcc-ddc.cptec.inpe.br/ipccddcbr/html/SRES_invite.html

Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (Convenção OSPAR) - JO L 104 de 3.4.1998

“(13) Os acordos internacionais relevantes incluem, entre outros, a Convenção OSPAR para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste, a Convenção HELCOM para a Protecção do Meio Marinho do Báltico, a Convenção de Barcelona para a Protecção do Mar Mediterrâneo contra a Poluição, as convenções adoptadas no âmbito da Organização Marítima Internacional (OMI), a Convenção do UNEP sobre Poluentes Orgânicos Persistentes e o Protocolo relativo aos Poluentes Orgânicos Persistentes da Convenção UNECE sobre a Poluição Atmosférica Transfronteiriça a Longa Distância.”

http://www.irar.pt/presentationlayer/diploma_02.aspx?diploma=387



“A organização World Wildlife Fund for Nature (WWF) apelou hoje, num encontro do Comité da Biodiversidade da Convenção para a Protecção do Ambiente Marinho no Atlântico Nordeste (OSPAR), a que seja criada uma rede de áreas marinhas protegidas.”

http://ecosfera.publico.pt/noticias/noticia2074.asp






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4. Conclusão

Existe uma interacção muito estreita entre o oceano/correntes marítimas e a atmosfera, que interage estreitamente com as terras emersas. Como tal, o cruzamento destes subsistemas e suas dinâmicas, tornam mais compreensível o ecossistema terra numa perspectiva integrada do conhecimento. Qualquer alteração num destes subsistemas tem consequências nos climas dos continentes e na biosfera em geral. Embora o direito do ambiente e a legislação existente, não contemplem a dinâmica das interacções entre oceanos/correntes marítimas, atmosfera, continentes; é preciso conhecer e preservar as dinâmicas do meio físico onde os seres vivos vivem e só assim os podemos proteger adequadamente e desenhar cenários de futuro mais fiáveis.

A interacção da atmosfera-oceano deveria estar sujeita a uma gestão/governação mundial, com a obrigatoriedade de participação responsável de todos os países, só assim se conseguiria um controlo de gestão adequada do ecossistema terra e sua regulação climática.

Pois o direito internacional apenas engloba a riqueza biológica dos sistemas dinâmicos, como os das correntes, mas não garante a preservação dos sistemas interactivos/condições de habitat desses organismos biológicos.

“A Lei é estática, não acompanha as mudanças, a lei não admite movimento”, Prof. Mário Baptista Coelho. Há uma desadequação legal da dinâmica natural e social dos territórios. Estamos num mundo de mundo de mudanças, “tudo se cruza com tudo”. Então não deveria a lei prever um mecanismo de flexibilidade para encaixe na dinâmica de mudança?

O princípio da integração, artigo 3º, d), da Lei de Bases do Ambiente, diz: garantir a integração da problemática do Ambiente, do Ordenamento do Território e Planeamento Económico, a nível global e sectorial, Introdução ao Direito do Ambiente, coordenado por CANOTILHO, josé Joaquim Gomes. Será que neste princípio se pode integrar a problemática da circulação atmosfera/oceano/continente e suas consequências? Pois o Princípio do Poluidor Pagador, PPP, “desempenha uma função que, em linguagem económica, se denomina internalização das externalidades ambientais negativas”, quando há uma fonte poluidora, ou outro fenómeno humano que se reflicta na poluição e/ou perturbação da circulação atmosférica e/ou oceânica, esses impactos negativos deveriam ser pagos pela fonte responsável dos danos nos bens comuns globais.



Uma adequada governação da terra não se compagina com desarticulações entre as suas principais componentes: Atmosfera/ Oceano/Continente, seus sub-sistemas. Só uma visão de conjunto poderá contribuir para o equilíbrio do ecossistema terra. A circulação da atmosfera/oceano é um bem comum da humanidade e como tal deveria ser considerado.

O sistema de Observação da Terra – GEOSS, e o grupo GEO, podem contribuir para um conhecimento de visão integrada da terra. http://earthobservations.org/

Nas causas das alterações climáticas ou mudança climática, dever-se-à ter em conta, para além do aumento do CO2 e outros GEE, de origem antropogénica, as causas naturais, como variações cíclicas da órbita terrestre, radiações solares/comportamento do sol/expansão, vulcanismo (fundo do mar e efeitos atmosféricos), queda de meteoritos, embora sem conhecimento ainda previsível para os cenários de futuro e ainda as consequências das possíveis descobertas futuras que vão emergindo através da evolução das tecnologias e das ciências (aeroespacial, nanotecnologia e biomédicas), para um planeamento geoestratégico mais adequado ao futuro.



“ ... não podemos sequer estar certos de que, no futuro, “aquecimento global” não será suplantado por um “arrefecimento global” resultante de perturbações naturais, mas ainda pouco conhecidas.”

“ No contexto do aquecimento global, da importância das interacções oceano/atmosfera, do papel dos oceanos como ”receptor” de CO2 e do princípio de precaução, é imperativo que os povos e governos explorem prioritariamente as múltiplas oportunidades existentes para reduzir as emissões de carbono e que considerem cautelosamente o potencial dos oceanos como local de descarga de CO2.”

( O Oceano nosso Futuro, O Relatório da Comissão Mundial Independente para os Oceanos)




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Cenários Futuros



1.Dificuldade de adaptação das rápidas alterações climáticas dos diferentes ecossistemas



2.Flexibilidade de adaptação dos ecossistemas, atenuação do ritmo de aumento de temperatura (ver projecto SIAM,

Filipe Duarte Santos)



3. Reorganização de sociedade: duas hipóteses de formas conhecidas

a) solo bem social, ordenamento do território racional, meio rural utilizado, cidades de pequena e média dimensão, fluxos de dimensão equilibrada, utilização de energias limpas.

b)solo propriedade privada, especulação não produtiva, espaço urbano concentrado ( estratificação social ), saturado transito, espaço rural desertificado, grandes desequilíbrios espaciais na ocupação do solo



4. Conjugação dos cenários, 2 e 3 com assertividade entre eles:

qualidade de vida global e ambiente saudável para todos. PRESERVAÇÃO DOS BENS COMUNS GLOBAIS CIRCULAÇÃO ATMOSFERA/OCEANO.



A recente conferência de Montreal, COP11, sobre alterações climáticas, reforçaram compromissos assumidos e renovaram algumas esperanças em relação aos países fora dos compromissos e devedores nos danos da poluição (EUA o maior poluidor) e de moral e justiça na sociedade global de hoje e de amanhã.

“… Mais do que isso: todos os subscritores da Convenção para as Alterações Climáticas, incluindo os EUA, concordaram que a convenção será aprofundada através de um processo de diálogo aberto a todos os países, especialmente os que ainda não subscreveram o Protocolo de Quioto.”

Portugal e as Alterações Climáticas : Um tempo de acção.

Francisco Nunes Correia, Ministro o Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional

In expresso, 17 de Dezembro de 2005

A evolução das mudanças das alterações climáticas não são lineares, têm oscilações e acentuam os fenómenos extremos meteorológicos (furacões, vagas de calor e frio, secas, inundações, incêndios), como consequência a alteração da circulação atmosfera/oceano. A mitigação do efeito na sociedade humana dessas consequências, depende da consciência e competência do homem na actuação na gestão/governação da Terra em conformidade com tais mudanças.


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5. Bibliografia



APRPENZELLER, T. (2004). O caso da fuga do carbono. In National Geographic, Fev. 2004, 69-99

BRAS, H. Os Limites do Planeta. Instituto Piaget

CANOTILHO, J. Introdução ao Direito do Ambiente. Universidade Aberta

COSTANZA, R. A Economia Ecológica e a Governação Sustentável dos Oceanos

Grande Atlas do Mundo. Os Oceanos. Público. Planeta Agostini

HODGES, M. J. Correntes e Marés: O Equilíbrio da Energia dos Oceanos. O Novo Atlas do Mundo

MARTINS, J. E. (2004). Os desafios da política ambiental portuguesa. In Fórum Ambiente, Anuário 2004, 38-43

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