Há alguns anos, uma calma estranha pairou sobre o sol. O número de manchas caiu para níveis tão baixos que os físicos solares pensaram que o pico solar jamais retornaria. No entanto, as coisas mudaram, o campo magnético do Sol se inverteu e o máximo solar finalmente chegou.
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Em 2007, a atividade do Sol foi praticamente nula, caracterizada pelo final de mais um ciclo, o 23, que havia atingido seu máximo entre os anos 2000 e 2003. No final de dezembro 2007 já estávamos na fase do mínimo solar.
Na tarde sexta-feira, 04 de janeiro de 2008, após uma vigília de quase trinta dias, uma pequena mancha surgiu próxima aos 30 graus de latitude norte da fotosfera solar, dando início ao novo ciclo solar 24.
Naquela ocasião, os cientistas acreditavam que o novo ciclo, que dura em média 11 anos, seria muito intenso e marcado por grande quantidade de tempestades solares, com forte impacto nas telecomunicações, tráfego aéreo, linhas de transmissão de energia e sistemas de localização.
No entanto, entre 2008 e 2009, as erupções solares praticamente cessaram e o mínimo solar já era considerado o mais longo e profundo em um século. O sol estava há tanto tempo sem atividades intensas, que até os especialistas se perguntavam quando o máximo solar voltaria.
E ele voltou
Agora, passados mais de seis anos desde o início do ciclo 24, o físico solar Dean Pesnell, ligado ao Goddard Space Flight Center, da Nasa, responde taxativamente: "Podem parar de perguntar. O Máximo Solar chegou".
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Pesnell aponta para uma série de fatores que sinalizam essa condição, entre eles a inversão atual do campo magnético solar, o desenvolvimento de longos buracos coronais e principalmente o aumento significativo na contagem de manchas solares.
Pesnell é um dos principais estudiosos da dinâmica solar e segundo ele, prever a atividade da estrela não é tão fácil como parece.
"Embora a média de um ciclo seja de aproximadamente 11 anos, na prática esse valor é bem mais elástico e pode levar de 9 a 14 anos para ser concluído. Alguns máximos são fortes, outros são fracos e às vezes pode desaparecer completamente como aconteceu por quase 70 anos durante o século 17", disse Pesnell.
Outro cientista que concorda com as observações de Pasnell é seu colega Doug Bieseker, do Centro de Previsão do Tempo de Clima Espacial, SWPC, da NOAA. Para Bieseker, que apresentou recentemente um workshop sobre o assunto, o número de manchas neste ciclo 24 está atingindo o momento máximo exatamente agora.
Um mini-máximo
Além de concordarem sobre o momento atual do Sol, ambos os cientistas afirmam que o atual ciclo 24 não é dos mais fortes.
Muitos pesquisadores estão chamando esse momento de "mini-máximo", disse o pesquisador Ron Turner, cientista que presta serviços de consultoria para a NASA.
Turner estudou o número de manchas solares dos últimos 23 ciclos desde 1755 e plotou os resultados junto ao atual ciclo 24, concluindo que historicamente há poucos máximos solares mais fracos do que o atual.
Enfraquecendo, mas ameaçador
Pesnell acredita que ciclo solar 24, tal como está irá provavelmente começar a desvanecer até 2015, mas Ironicamente isto é quando alguns dos maiores erupções e tempestades magnéticas poderão ocorrer.
Biesecker analisou registros históricos da atividade solar e verificou que a maioria dos grandes eventos, tais como erupções fortes e tempestades geomagnéticas significativas ocorrem tipicamente na fase de declínio dos ciclos solares, mesmo os mais fracos.
Evento Carrington Recente
Na verdade, o atual "Mini-Máximo" por que passamos já desencadeou uma das tempestades solares mais violentas de toda a história.
O evento ocorreu em 23 de julho de 2012, quando uma ejeção de massa coronal, CME, ejetou bilhões de toneladas de partículas a mais de 3000 km/s, quatro vezes mais rápida do que as explosões solares típicas. Essa ejeção de partículas não atingiu a Terra, mas bateu diretamente na sonda STEREO-A, da Nasa, que registrou o evento.
Segundo os pesquisadores, essa erupção foi tão significativa como o Evento Carrington, ocorrido em 1859, que incendiou estações de telégrafos e produziu auroras boreais até o sul do Havaí. Se isso acontece atualmente, as consequências de um impacto desse tipo seriam catastróficas.
Isso significa que apesar de o ciclo atual estar em seu momento máximo e este não ser muito forte, ainda não estamos livres de tempestades solares violentas que podem ocorrer a qualquer momento. E esse evento comprova isso.
Artes: No topo, gráfico mostra o número de manchas solares ao longo do tempo, com destaque para o pico atingido em 2014. Acima, Número de manchas solares do ciclo 24, em vermelho, comparado aos prévios 23 ciclos desde 1755. Créditos: Tony Philips, SWPC, Apolo11.com.
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